Em sua mensagem para o 9º Dia Mundial dos Pobres, o Papa afirmou que todas as formas de pobreza são um apelo a viver concretamente o Evangelho e a oferecer sinais eficazes de esperança
Da redação, com Vatican News

Foto: Stefano Costantino SOPA Images via Reuters
A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou nesta sexta-feira, 13, a mensagem do Papa Leão XIV para o 9° Dia Mundial dos Pobres que será celebrado em 16 de novembro deste ano. O tema desta edição será “Tu és a minha esperança”, extraído do Salmo 71.
“No meio das provações da vida, a esperança é animada pela firme e encorajadora certeza do amor de Deus, derramado nos corações pelo Espírito Santo. Por isso, ela não decepciona. O Deus vivo é, verdadeiramente, o «Deus da esperança», que em Cristo, pela sua morte e ressurreição, se tornou a «nossa esperança». Não podemos esquecer que fomos salvos nesta esperança, na qual precisamos permanecer enraizados”, escreve o Papa na mensagem.
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Segundo Leão XIV, o pobre pode tornar-se testemunha de uma “esperança forte e confiável”, precisamente porque é professada numa condição de vida precária, feita de privações, fragilidade e marginalização.
“Ele não conta com as seguranças do poder e do ter; pelo contrário, sofre-as e, muitas vezes, é vítima delas. A sua esperança só pode repousar noutro lugar. Reconhecendo que Deus é a nossa primeira e única esperança, também nós fazemos a agem entre as esperanças que am e a esperança que permanece. As riquezas são relativizadas perante o desejo de ter Deus como companheiro de caminho porque se descobre o verdadeiro tesouro de que realmente precisamos”, disse.
“A pobreza mais grave é não conhecer a Deus”, recorda o Papa, “embora importantes, todos os bens desta terra, as realidades materiais, os prazeres do mundo ou o bem-estar econômico não são suficientes para fazer o coração feliz”.
“Frequentemente, as riquezas iludem e conduzem a situações dramáticas de pobreza, sendo a primeira dessas ilusões pensar que não precisamos de Deus e conduzir a nossa vida independentemente d’Ele.”
A seguir, lembrou as palavras de Santo Agostinho: “Seja Deus todo motivo de presumires. Sente necessidade d’Ele para que Ele te cumule. Tudo o que possuíres fora d’Ele é imensamente vazio”.
A esperança nasce da fé
O Papa afirmou que a a esperança cristã, à qual a Palavra de Deus remete, “é certeza no caminho da vida, porque não depende da força humana, mas da promessa de Deus, que é sempre fiel”.
Ele recordou que por este motivo, desde os primórdios os cristãos quiseram identificar a esperança com o símbolo da âncora, que oferece estabilidade e segurança. “A esperança cristã é como uma âncora, que fixa o nosso coração na promessa do Senhor Jesus, que nos salvou com a sua morte e ressurreição e que retornará novamente no meio de nós”.
Leão XIV sublinhou na mensagem que “esperança nasce da fé, que a alimenta e sustenta, sobre o fundamento da caridade, que é a mãe de todas as virtudes. Precisamos de caridade hoje, agora. Não é uma promessa, mas uma realidade para a qual olhamos com alegria e responsabilidade: envolve-nos, orientando as nossas decisões para o bem comum. Em vez disso, quem carece de caridade não só carece de fé e esperança, mas tira a esperança ao seu próximo”.
O Papa recorda que a caridade é «o maior mandamento social». “A pobreza tem causas estruturais que devem ser enfrentadas e eliminadas. À medida que isso acontece, todos somos chamados a criar novos sinais de esperança que testemunhem a caridade cristã, como fizeram, em todas as épocas, muitos santos e santas.”
“Os hospitais e as escolas, por exemplo, são instituições criadas para expressar o acolhimento aos mais fracos e marginalizados. Eles deveriam fazer parte das políticas públicas de todos os países, mas as guerras e as desigualdades frequentemente ainda o impedem. Hoje, cada vez mais, as casas-família, as comunidades para menores, os centros de acolhimento e escuta, as refeições para os pobres, os dormitórios e as escolas populares tornam-se sinais de esperança: são tantos sinais, muitas vezes ocultos, aos quais talvez não prestemos atenção, mas que são muito importantes para se desvencilhar da indiferença e provocar o empenho nas diversas formas de voluntariado”, ressalta.
Os pobres não são um atempo para a Igreja
De acordo com o Pontífice, “os pobres não são um atempo para a Igreja, mas sim os irmãos e irmãs mais amados, porque cada um deles, com a sua existência e também com as palavras e a sabedoria que trazem consigo, levam-nos a tocar com as mãos a verdade do Evangelho”.
“Por isso, o Dia Mundial dos Pobres pretende recordar às nossas comunidades que os pobres estão no centro de toda a ação pastoral. Não só na sua dimensão caritativa, mas igualmente naquilo que a Igreja celebra e anuncia. Através das suas vozes, das suas histórias, dos seus rostos, Deus assumiu a sua pobreza para nos tornar ricos. Todas as formas de pobreza, sem excluir nenhuma, são um apelo a viver concretamente o Evangelho e a oferecer sinais eficazes de esperança”.